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Direita italiana encerra campanha eleitoral com grande manifestação em Roma

by Anderson

Direita italiana encerra campanha eleitoral com grande manifestação em Roma

Meloni pode ser a primeira chefe de Governo pós-fascista a comandar um país fundador da União Europeia

Os líderes da coalizão de direita na Itália, favorita de acordo com as pesquisas para as eleições legislativas de domingo, organizam nesta quinta-feira (22) uma manifestação em Roma para encerrar uma campanha que pode levar ao poder uma ex-admiradora de Benito Mussolini.

Depois de uma pandemia devastadora e do apoio financeiro recebido da União Europeia (UE), os italianos podem colocar seu destino nas mãos de Giorgia Meloni, líder do ‘Fratelli d’Italia’ (Irmãos de Itália), um partido de extrema-direita e nacionalista.

Meloni pode ser a primeira chefe de Governo pós-fascista a comandar um país fundador da União Europeia (UE).

Giorgia Meloni, 45 anos, se apresenta em aliança com o partido conservador Força Itália (FI), do magnata veterano Silvio Berlusconi, e a Liga anti-imigração de Matteo Salvini, conhecido por sua política linha dura contra os navios humanitários que resgatam migrantes no Mediterrâneo.

As três forças unidas podem conquistar a maioria absoluta tanto na Câmara dos Deputados como no Senado, graças a uma vantagem cômoda sobre o social-democrata Partido Democrático (PD) de Enrico Letta, que não conseguiu estabelecer uma aliança com os partidos de centro e de esquerda.

Giorgia Meloni, que espera que sua vitória abra o caminho para outros partidos de extrema-direita na Europa, mencionou esta semana a paciência de Gandhi em sua conta no Twitter, onde publica mensagens simples e eficazes.

“Gandhi disse ‘primeiro eles te ignoram, depois ele riem de você, depois brigam. E então você vence'”, escreveu ao lado de uma foto em que faz o sinal da vitória.

‘Italianos em primeiro lugar’

Como a publicação de pesquisas são proibidas duas semanas antes das eleições, o ponto de referência é a sondagem de 9 de setembro.

O ‘Fratelli d’Italia’ tinha 24 a 25% das intenções de voto, à frente do PD, com entre 21 a 22%.

Em seguida aparecem o antissistema Movimento 5 Estrelas (13 a 15%), a Liga (12%) e o FI (8%).

De acordo com as pesquisas, a coalizão de direita e extrema-direita pode conquistar entre 45% e 55% das cadeiras no Parlamento.

“Lembrem que no passado as pesquisas foram surpreendidas, estavam equivocadas”, alerta o historiador francês Marc Lazar, especialista em política italiana e professor da Sciences-Po e da Universidade Luiss de Roma.

Para muitos analistas, a taxa de participação deve registrar um índice historicamente baixo, com menos de 70%.

Com uma campanha em pleno verão (hemisfério norte), quando muitos italianos estavam de férias, a mobilização dos eleitores foi limitada.

“Foi uma das piores campanhas do pós-guerra”, disse Flavio Chiapponi, da Universidade de Pavía.

Com exceção de um debate entre Meloni e Letta no canal de televisão do jornal Il Corriere della Sera, “não houve debates sobre ideias e visões de cada um”.

A direita quer “mais fronteiras, uma Europa menos burocrática, mais natalidade e menos imigração, valores judaico-cristãos e menos impostos”.

Durante a campanha, a coalizão também citou suas batalhas comuns contra a “islamização” do continente e a favor dos “italianos em primeiro lugar”, enquanto as divergências ficaram menos evidentes.

Procedente de uma família política construída com base no anticomunismo, Meloni defende a OTAN e apoiou as sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, enquanto Salvini, amigo de Vladimir Putin, se opôs às medidas por considerar que prejudicam os italianos, com o aumento das contas de luz e gás.

O “capitão”, apelido do líder da Liga, conhecido pelo tom arrogante de suas declarações, propôs um fundo especial para as famílias e as empresas como forma de mitigar os elevados custos da energia elétrica e do gás, mas Meloni se declara contrária por preferir uma política orçamentária responsável e para não aumentar a dívida pública.

Estes são confrontos – com Berlusconi de mediador por representar com quase 8% uma força pró-Europa, moderada e conservadora – que aumentarão de acordo com o equilíbrio de poder após os resultados eleitorais.

AFP

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