Milhares de manifestantes reivindicam ‘salário universal’ na Argentina
País está comprometido com um ajuste fiscal acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI)
Milhares de manifestantes lotaram as ruas do centro de Buenos Aires nesta quinta-feira (28), e marcharam até a sede da Presidência para reivindicar um “salário universal”, em meio à crise econômica e no momento em que se espera um possível mudança no gabinete de governo.
Exibindo bandeiras de organizações sociais e ao som de tambores, os manifestantes se reuniram na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, onde o presidente Alberto Fernández está reunido com a ministra da Economia, Silvina Batakis.
De acordo com as versões que circulam na imprensa, especula-se que a ministra poderia ser substituída ou, inclusive, que o governo nomearia um “superministro” da área econômica.
“A pobreza tomou conta do país”, declarou Mónica Sulle, dirigente del movimento Teresa Vive, à AFP.
O salário básico universal vem sendo reivindicado há semanas por esses grupos que estiveram próximos da coalizão governista Frente de Todos (centro esquerda), mas que agora se mostram descontentes com o governo com o agravamento da situação econômica e social.
O montante exigido é equivalente a duas cestas básicas de alimentos para um adulto, cerca de 67.000 pesos (US$ 490 no câmbio oficial) para todas as pessoas de baixa renda.
A Argentina tem uma das taxas de inflação mais altas do mundo, com um acumulado de 36,2% para o primeiro semestre deste ano, enquanto a pobreza alcança 37% da população.
“Esta inflação que não para se reflete na mesa das famílias de todos os níveis sociais, mas, para os setores mais pobres, é uma catástrofe”, disse à AFP a dirigente Vilma Ripoll.
O país está comprometido com um ajuste fiscal acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) dentro de um programa de crédito de 44 bilhões de dólares firmado no início deste ano para restruturar uma dívida que o país contraiu com a organização em 2018.
O acordo contempla uma redução do déficit das contas públicas de 3% em 2021 para 2,5% este ano, 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024.
Batakis acaba de chegar de Washington, onde se reuniu esta semana com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e com outros representantes de organizações multilaterais.
Segundo as versões que circulam na imprensa, Fernández poderia anunciar nos próximos dias uma reforma ministerial, menos de um mês depois de Batakis assumir a pasta de Economia pela renúncia de Martín Guzmán.
Anteriormente, a nova ministra já havia advertido sobre a impossibilidade de aprovação do “salário universal” exigido pelas organizações sociais.
AFP
Deixe um comentário