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Rosa Weber faz forte defesa da democracia ao tomar posse no STF

by Anderson

Rosa Weber faz forte defesa da democracia ao tomar posse no STF

Nova presidente do Supremo exalta ordem democrática, pede respeito ao resultado das eleições e reafirma “crença inabalável no Estado de direito”

A ministra Rosa Weber assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (12/09), reafirmando seu compromisso com a independência do Judiciário e a defesa da Constituição e da ordem democrática.

Rosa Weber deve presidir o STF por pouco mais de um ano. Ela se aposentará antes de outubro de 2023, quando completará 75 anos de idade. Na mesma solenidade, o ministro Luís Roberto Barroso, de 73 anos, tomou posse como vice-presidente da Corte. Ele é membro do Supremo desde 2013.

Os candidatos à presidência da República Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram convidados, mas não compareceram em razão de compromissos de campanha.

Entre os presentes na cerimônia estavam os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); o procurador-geral da República, Augusto Aras; a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza Assis Moura; o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), general Lúcio Mário de Barros Góes, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Também compareceram o ex-presidente da República José Sarney, juntamente com ministros atuais e aposentados do STF, além de outros convidados.

Antes dela, presidiram a corte as ministras Ellen Gracie, agora aposentou, e Cármen Lúcia, que esteve à frente do STF de 2016 a 2018.

Defesa da democracia

Em seu discurso de posse, Weber reafirmou sua “crença inabalável no Estado de direito”, defendeu a autonomia do STF e destacou o que chamou de “dogma fundamental da separação dos poderes”.

A nova presidente do STF disse, porém, que cabe ao Supremo o “monopólio” da última palavra, no que diz respeito a decisões judiciais e interpretações da Constituição. Ela ressaltou que os descumprimentos das decisões da Corte não condizem com o Estado de direito.

A ministra defendeu a laicidade do Estado, e deixou clara rejeição ao discurso de ódio e à intolerância, que, segundo afirmou, são incompatíveis com a liberdade de expressão e de pensamento.

A ministra defendeu a liberdade de imprensa, que acredita ser necessária para se manter uma democracia forte. “Sem imprensa livre não há democracia”, afirmou.

A nova presidente do STF também pregou o respeito ao resultado das eleições. Ela ressaltou que o Brasil vive tempos difíceis, e citou como exemplo os ataques contra o STF.

Weber mantem ações da CPI contra Bolsonaro

Antes da solenidade, Weber determinou que a Polícia Federal mantivesse as investigações preliminares da CPI da Pandemia referentes à conduta do presidente Bolsonaro. A decisão contrariou os pedidos feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo arquivamento dos inquéritos.

As ordens da ministra ?” assinadas na sexta feira, mas inseridas no sistema do STF somente nesta segunda ?” se referem a três ações nas quais os senadores da CPI pediram o indiciamento do presidente por suspeita de crimes de prevaricação, charlatanismo e emprego irregular de verbas públicas. Esta última acusação também inclui o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que é alvo de uma investigação preliminar.

O pedido de indiciamento por crime de prevaricação envolve, além de Pazuello, o atual Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o ex-secretário executivo da pasta, Elcio Franco.

A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, disse no final de julho que não via indícios para que os inquéritos continuassem e pediu o arquivamento dos casos. Os ministros do STF costumam seguir o entendimento da PGR e arquivar as investigações.

Mas, a cúpula da CPI, formada pelos senadores Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL) solicitou nos autos que, antes da análise dos pedidos de arquivamento, fosse determinado à Polícia Federal a realização de uma “indexação entre fatos, imputações, provas e indiciados a partir do relatório final e do acervo documental da CPI”.

Weber, porém, deverá evitar pôr em pauta outros processos considerados polêmicos e com potencial para gerar instabilidade no ambiente político, a semanas das eleições presidenciais.

Entre estes casos estão as ações em torno do chamado “orçamento secreto” e o perdão concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Essas questões devem ser analisadas somente após as eleições

Quatro décadas de magistratura

Rosa Weber, de 73 anos, é natural de Porto Alegre. Ela se formou em direito em 1971 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e acumula 46 anos de magistratura.

Ela iniciou sua carreira como juíza do trabalho e atuou como desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS). Em 2006, foi empossada como ministra no Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Em 2011, Weber foi indicada para o STF pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2018 e 2020. Além do STF, ela presidirá o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Dom Total

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